quarta-feira, 17 de abril de 2013

As mais recentes encomendas de Ronaldo Mendes: "Retalhos da Bahia"

Ronaldo Mendes, digno representante do naïf contemporâneo, com sua paleta de cores que vai além das cores básicas e ultrapassando as superfícies de cores chapadas tão características do naïf clássico, é um pintor de grande produção.

Apresentamos, hoje, três de suas recentes encomendas. Feliz de quem as encomendou e adquiriu, feliz o internauta que agora pode ter acesso às belezas sempre trazidas ao mundo por esse artista mineiro.


A primeira tela é "Retalhos da Bahia" com 200 cm x 100 cm (imagem abaixo). O comprador mora no Rio de Janeiro e resolveu presentear seu marido que é baiano.




"Retalhos da Bahia"
200 X 100 cm
 

A encomenda foi feita a Ronaldo e foi pedido a ele que colocasse algumas coisas como por exemplo, as lavadeiras, as quais estão representadas através de "uma menininha segurando um pano com a espada de Iansã" (imagem abaixo), nos contou o pintor.




"Retalhos da Bahia"
Detalhe: A lavadeira com a espada de Iansã


  
Outros detalhes da tela, são a presença de Yemanjá, do unicórnio que é o burrinho do sertão e do menino voando com o berimbau (as três imagens abaixo). Vamos, então, aos detalhes da tela "Retalhos da Bahia":




"Retalhos da Bahia"
Detalhe: Yemanjá


"Retalhos da Bahia"
Detalhe: Homenagem aos burrinhos do sertão


 
"Retalhos da Bahia"
Detalhe: Menino voando com o berimbau



Ronaldo também nos contou sobre a encomenda de um quadro por ocasião do casamento de dois cirurgiões plásticos do Rio de Janeiro (abaixo). Cirurgicamente, com o perdão do trocadilho, Ronaldo Mendes entregou uma bela tela, dando gosto aos apreciadores da arte naif. 
 


"Encomenda de casamento de dois
cirurgiões plásticos do RJ"


Temos , ainda, uma recente encomenda para que ele pintasse Nossa Senhora de Fátima na praia, o que fez, não sem enriquecer a tela com seus belos e característicos pássaros, seus mosaicos a moda de madrepérolas (nos cantos superiores da tela) e, também, com outra de suas marcas, as crianças.



Nossa Senhora de Fátima na praia

Por fim, destacamos uma trabalho em madeira e lata, "O teatro". Ronaldo montou seu teatro aproveitando-se de pedaços de madeira, encrostando-o com pequenos pedaços recortados de lata, sendo que os peixes (nas laterais) são de latão polido.


"O teatro"
50 x 40 cm (por 15 cm de profundidade)

Madeira e Latão Polido

 

 
Contato de Ronaldo Mendes
 
Clique para conhecer o perfil completo do artista, aqui no blog do IIAN, com mais outros links direcionado para mais trabalhos do Ronaldo.

 

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Isabela Couto Machado


[Isabela Couto Machado]
Itabira (MG), 1976
Vive em Betim (MG)


Isabela Couto Machado nasceu em Itabira, mesma cidade do poeta Carlos Drummond de Andrade. Ao contrário do que diz o poeta sobre a ligação de sua personalidade pedregosa e cética à geografia da região, a pintora naïf transborda fé, fundindo religiosidade e lirismo de uma forma que nos faz sentir e entender que tudo está unido.




"Nascimento" (Birth)
2 metros x 75 cm
Acrílico sobre tela


Na tela 'Nascimento' (imagem acima) podemos conferir como a noite púrpura da vinda do Messias Jesus é uma das expressões máximas do amor que existe na humanidade.

E podemos ver a candura também na tela intitulada "Do Carmo", onde encontramos a Nossa Senhora do Carmo sentada em uma poltrona com o menino Jesus no colo (imagem abaixo).

 

"Do Carmo"
Acrílica sobre tela


Compreendendo que categorizações podem ser restritivas, mas por outro lado que também podem facilitar o posicionamento de um artista junto ao público, classificamos o trabalho de Isabela como Pop Naïf, um dos ramos que mais se desenvolvem no segmento naif. 


O começo

O caminho de Isabela para a arte foi diverso. Para não escapar a regra da arte naïf, a pintora descobriu que poderia pintar tardiamente, em 2004. Mesmo depois ingressar no serviço público (2006), continuou a pintar.

Nesse primeiro período, fez duas exposições: uma no Betim Shopping e outra na Casa de Cultura Josephina Bento, ambas em Betim (MG). Segundo ela, "(...) Além dessa exposições houve duas publicações (estas sim mais importantes). Uma na revista Arte em Tela e outro no livro Art Gallery, Ano IV".




"Patri et filii"
70 x 40 cm

Mesmo depois ingressar no serviço público (2006), sempre houve questionamentos de quando voltaria a pintar, até que em 2012 resolveu definitivamente regressar à atividade artística.

Agora, em outubro de 2013 vai dar um grande salto em sua carreira: Isabela vai expor no Museu do Louvre em Paris, França.




"Chico"
Gravura digital


Antes de tudo começar: suas influências

Certamente, a arte é uma representação das crenças do artista e, muitas vezes, essas crenças estão relacionadas a experiências não só da infância mas que vão acontecendo durante a vida.

Isto posto, pode-se dizer que Isabela teve uma forte experiência vivencial. No ano de 2001, ela se mudou para uma comunidade cristã católica em Arcoverde, sertão de Pernambuco. A artista descreve a comunidade como "um lugar onde jovens do Brasil inteiro e até do mundo resolviam por experimentar viver uma vida despojada na convivência com o povo local".



"Perpétuo"
Gravura digital


O plano inicial de ficar um ano no local foi estendido para quatro anos até 2004. Começou a pintar embebida pela inspiração da vivência espiritual que teve no sertão.

A recorrência de temas sacros cristão-católicos em sua pintura pode ser considerada a grande tônica de sua arte sem prejuízo para a liberdade criativa. Na recente gravura digital, "Eu sou Deus e Feliciano não me representa", ela mostra que está ligada ao mundo e ao ativismo para causas relevantes. Isabela diz que a gravura: 
"funciona como um ato político e de humor meu".




Entre suas principais influências encontra-se a Arte Bizantina, eminentemente religiosa e pode-se observar na pintura da artista a releitura de mosaicos e afrescos através da tinta.



"Santa Ceia"
Acrílica sobre tela

 
Segundo a Wikipedia, na Arte Bizantina "(...) as pessoas são representadas de frente e verticalizadas para criar certa espiritualidade; a perspectiva e o volume são ignorados e o dourado é utilizado em abundância, pela sua associação a um dos maiores bens materiais: ouro".




"Sementes"
Acrílica sobre tela
170×80 cm



"Bom Pastor"
Acrílica sobre tela
135×70 cm


As imagens alongadas, as referências a mosaicos e os temas religiosos na pintura, além de um paleta de cores tendencialmente voltada às variações de dourado estão presentes em outra de suas influências: o artista plástico Claudio Pastro


"Sagrada Família"
Acrílica sobre tela
135×70 cm

O toque ingênuo de suas influências - para não fugir da caracterização naif - fica por conta de outro mineiro, o artista Hélio Faria.


"Hosana!"
Acrílica sobre tela



Cântico dos Cânticos
Gravura digital


 
Exposições/ Publicações


2005 – Exposição no Shopping Betim/ Minas Gerais.

2005 – Exposição na Casa de Cultura Josephina Bento, Betim/ Minas Gerais.

2007 – Participação no anuário, Gallery Art Brazil, Vol 1.

2007 a 2012 – Cessa a produção artística. Nenhuma obra inédita nesse período. Contudo em 2009 aconteceu um convite para participação na Revista Galeria em Tela, Ano 10, Nº 98, Ed. On Line

2012 (Setembro) – Retomada das atividades artísticas.

2013 (Abril) –
Galeria Café com Arte à partir de 15 de abril.

2013 (Outubro) –
Carrousel du Louvre, Paris. França.  




"Sacre Couer" (Díptico)
Acrílica sobre tela
50x50 cm

Fonte:  www.laartb.com (Site da artista)

Texto: Álvaro Nassaralla
alvaronassaralla@gmail.com




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quarta-feira, 3 de abril de 2013

Maurílio Silva

Maurilio Antônio Silva
Carvalhos - MG - 29/12/75





Maurilio Silva é um talento bruto e, por isso, valioso. Nascido nas Minas Gerais, o pintor que faz questão de se classificar como ingênuo  traz belas paisagens da roça e de cidade do interior em seu trabalho.

A cena do coreto da praça e o casario colorido demonstra o talento e a bela composição de cores, além da distribuição espacial das formas na tela. Ele gosta muito de pintar casarões.


Maurílio Silva
Acrílica sobre tecido

Perguntamos a Maurilio como começou a pintar: "Desde garoto comecei fazendo desenho com carvão em pedaço de papelão e tábuas". Perguntamos também o que o motivava a desenhar: "Eu via os desenhos nos livros da escola".

O processo criativo de Maurilio Silva é em grande parte inconsciente. Ele trabalha unicamente com a imaginação ao criar suas telas. Isso não quer dizer que não sofra influência das paisagens com as quais convive e também de seu passado.


A imaginação, principalmente a que é transformada em arte, pode ser considerada como o que não sabemos que já sabemos. Por isso, toda a nossa vivência está oculta e entranhada em nossa mente e corpo. Maurilio mesmo diz: "Não gosto muito de passar para o papel ou para tela o que vejo. Procuro imaginar um lugar, uma vila de casas perdida no pasto onde os fios e os postes não estão presentes".





Talvez um dos maiores ofícios de qualquer artista seja questionar, estar sempre em dúvida. Mas as incertezas não assustam o artista. Elas devem impulsioná-lo para novos desafios. E assim é Maurilio Silva: sempre se perguntando, sempre questionando a si e ao mundo.

Sobre suas influências, ele fala: "Gosto muito de assistir aos programas da TVE e TV Cultura porque estão sempre mostrando os trabalhos dos artistas. Também me inspiro na pintura de Waldomiro de Deus com seus traços fortes e as cores vivas, vibrantes. Gosto muito das pinturas de Adriano Dias e do ator Lima Duarte.



 

Sobre a infância, o pintor diz que não encontrou facilidades em sua vida: "Tive uma infância muito pobre e minha mãe pintava paninho pra fora. Tinha uma prateleira onde ficava os pratos e jogos de latas", conta Maurílio recordando seus primeiros anos.

Foi morar na cidade com três anos, mas sempre foi ligado na zona rural: "Meus pais foram boias-frias. Eu e meus irmãos trabalhamos muito no campo (milho, feijão, arroz). Meu pai foi carreiro e retireiro. Minha família morava na cidade e ia trabalhar na fazenda".




Acrílica sobre tecido


O pintor nasceu no sul de Minas, no município de Carvalhos. Segundo o Wikipédia, Carvalhos (MG), "possui inúmeras cachoeiras distribuídas por todo o município (em torno de 70 quedas) e mais de 400 km de trilhas para a prática de Off-Road. Essas trilhas e cachoeiras são de beleza surpreendente".

Muitas dessas quedas servem de inspiração para Maurílio, mas como ele mesmo diz, tudo vem de sua imaginação. Com sua capacidade de visualizar imagens mentais, não gosta de passar o que vê para a tela ou papel.






Acrílica sobre Cartolina
 


Carvalhos - MG
 
 
A região também abrange o povoado Carimbá que surgiu na época da escravidão. Maurilio nos contou que dizem que neste lugar os escravos eram marcados para serem vendidos. Daí o nome Carimbá.

Outra peculiaridade da região é o Pico do Muquém: "Ele é lindo. Em algumas de minhas pinturas, ele está presente.
 
 
 
 
 
 
 

Pico do Muquém - Carvalhos (MG)
Foto: Integraminas

 
 
A veia artística de Maurilio pode ter vindo de longe: "Meu finado pai contava que minha bisavó, que veio da África, era um tecelã de mão cheia. Ela plantava algodão e era dele que ela fazia a linha. Fazia as roupas. Ela tinha tudo de que precisava no quintal da casinha".
 
 
O artista mineiro pinta em seu quarto mesmo e faz dele um pequeno ateliê: "Usei muito a tinta guache e, de um ano para cá, venho usando tinta Acrilex para tecido porque minhas telas são de tecido".

Aguardamos novidades desse promissor talento mineiro!