segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Naïf: Testemunho e patrimônio da humanidade


Para que a arte naïf possa atingir cada vez mais pessoas e espaço junto ao reconhecimento público, transcrevemos aqui um dos textos de Lucien Finkelstein, publicado no livro Brasil naif – Arte naif: Testemunho e patrimônio da humanidade. 1ª. ed. Rio de Janeiro : Novas Direções, 2001.


Testemunho e patrimônio da humanidade



Com os pintores naïfs, trata-se dos últimos
ecos da alçma coletiva em vias de desaparecimento

Carl G. Jung

 

J. Araujo
Clique para perfil completo do do artista J. Araujo

 

Dizer que a arte naif é um testemunho da humanidade não é nenhum exagero. Poderíamos considerar que a arte naif se encontra no nascimento mesmo da arte e chamá-la de mãe de toda a pintura, já que a arte dos tempos pré-históricos foi o berço da arte naif e, portanto, de toda a arte.

Assim, os primeiros artistas naifs poderiam ter sido aqueles homens que, há dezenas de milhares de anos, nos legaram na gruta de Lascaux os magníficos touros, cervos, bisões, verdadeiros tesouros da pintura primitiva. Por isso, Lauscaux foi apelidade de “Capela Sistina da Pré-história”.



André Cunha
"Recife - Veneza Brasileira"(Medalha de prata no Salão de
Artes
Plásticas de São José do Rio Preto, SP)

Perfil completo do artista André Cunha clicando aqui



(…) Os pintores naifs pintam desde que o homem sentiu necessidade de ter uma atividade artística. O que faz o encanto dos naifs contemporâneos é a força estraordinária de sua sinceridade e o mesmo poder comunicativo de nossos ancetrais longínquos. Aqueles que souberam comunicar-se pelo desenho muito antes da escrita, porque sentiam a mesma necessidade, o mesmo impulso dos artistas naifs atuais, de querer produzir, de qualquer maneira, e com seus parcos recursos, sua visão do cotidiano.

Os artistas naif se exprimiram em todas as épocas, por meio das mais variadas formas, e marcaram presença nos grandes moementows da criação artística humana – da estatutária Ilha de Páscoa aos mosaicos bizantinos, passando pelas iluminuras da idade média e as pinturas dos ex-votos. Faziam-no para seu próprios prazer, talvez também para o prazer dos outros e, quem sabe, inconscientemente, para perpetuar a sua presença, sua breve passagem pelo mundo. Até os naifs contemporâneos que, nesse sentido, continuam tão puros como aqueles ancestrais de várias dezenas de milhares de anos, pois se expressam com as mesmas razões, as mesmas bases, as mesmas necessidades internas.


 

Paulina
"Sol de verão II", 1994
(Fonte: Brasil naif – Arte naif:

Testemunho e patrimônio da humanidade)

Perfil completo de Paulina




Portanto, é preciso ter respeito por essa arte vinda dos tempos imemoriais e por aqueles que a praticam e continuam a agir como se, para eles, ainda estivéssemos no começo do mundo.


Devemos nos orgulhar desses artistas e agradecer-lhes pelo que fazem, sobretudo pelo embelezamento constante que trazem para a arte e para nossas vidas. Eles são a memória do nosso passado, o testemunho de seu tempo e parte integrante da humanidade.


Lucien Finkelstein
Fonte: Brasil naif – Arte naif: Testemunho e patrimônio da humanidade. 1ª. ed. Rio de Janeiro : Novas Direções, 2001.

 

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